Passado feliz, triste presente

Imagem: We (L) it.

Lembro como se fosse ontem o dia em que te conheci, que sentada ao seu lado comecei a puxar assunto, com alguém aparentemente desconhecida. Porém tu me chamavas atenção, era diferente isso eu sabia. Depois daquele dia que comecei a falar contigo através do assunto de um livro -O Diário de Anne Frank que tinhas em mãos-, comecei a esperá-la passar por mim por aquela escada. E a convidá-la a sentar-se ao meu lado para conversarmos. E foi assim, por dias e dias...

Depois de dois messes já éramos tão amigas! Ela tinha se juntado ao grupo, todas nos adorávamos. Sempre tentávamos incluí-la nos trabalhos. Vídeos fazíamos, mesmo quando ela ia só por diversão, quando nem nota receberia pelos professores. Parecia que eu já a conhecia há tanto tempo, porém havia uma parte sua que para eu era tão desconhecida. Porém eu ignorava a pequena parte. 
E tu continuavas a falar, tão alegre e fofa! 
Lembro como se fosse hoje o dia que fui a primeira vez em sua casa, nossa foi tão legal! Achei que fosse levar uma bronca da tua mãe, por tal horário que estávamos ali. Engraçado, ela me recebeu tão bem! E ainda perguntou, se eu era a amiga que tu tanto falavas. Aquele comentário, me fez tão bem, mas tão bem! Mais vezes fui na tua casa, no halloween, para fazer cupcakes...
Eu fico tão triste em pensar que estamos tão distantes, e eu sempre estive aqui. Foste tu que não quiseste mais a mim. Tu podes não perceber, mas eu sofro com a tua ausência. Acho que sei o que aconteceu. Aquela tua pequena parte desconhecida cresceu e, tomou conta de todo o teu organismo. Virou uma parte total desconhecida. Começou com a tua auto-agressão. Eu queria te ajudar e, sempre estive disposta. Insistia frequentemente para que tu desse fim aos teus maus hábitos. Porém tu me desconhecias, nada mais me contava. E foi indo embora. Me dando as costas. E eu segurei diversas vezes as tuas mãos, mas mesmo assim tu me escapou. Caiu na escuridão. 
Começou então a nada me dizer. E o tão pouco que falava, era de certa forma infantil para me agredir. E eu então me calava, tirava o meu sorriso amigo do rosto e simplesmente me calava. E tu de risinhos com outra, que apoia teus atos insanos, que compartilha dos teus segredos, que em minha frente te ajuda a me estilhaçar. 
E hoje estou aqui a escrever. Sei que provavelmente tu não lerás isso, porque para ti eu sou de um passado distante. E que quando estive ausente, para ti nada foi do que um simples instante, nem passara em tua cabeça que eu estava mal em minha cama.

Wendyel Manganelli Borin.