Ás vezes...

Foto: We (L) it.

...desejo a chuva, que esta leve tudo e todos. Ás vezes sinto a necessidade de estar só, e não importa para o que seja. Animar-me ou lágrimas desabarem. Ás vezes tenho vontade de passar batom vermelho e agir estupidamente, porque nem sempre que és educado com todos recebe o mesmo. E o que tens vontade? De devolver na mesma moeda. Ás vezes me vem a idéia de sumir e voltar quando quiser, porque andar sem rumo é como se tivesse asas e voar sem dúvida é a sensação mais bela que poderíamos sentir. Se tivesse asas, sairia todas as noites de casa e passaria a voar levemente por cima dos castelos e por fim admiraria a lua e suas estrelas. Ás vezes quero andar em meio a chuva, molhando meus cabelos, ensopando as minhas roupas. Quero senti-la como se fosse um copo cheio d’água, e logo essas gotas fariam parte de mim.

Ás vezes quero tomar um leite quente pela manhã e, logo sair livremente. Sair por ai. Como se fosse o dia que nunca viveria e, que só o encontraria logo ali na esquina. Ás vezes me vejo tentando encontrar algo que não existe. Ou apenas não exista materializado, talvez exista no meu imaginário. Ás vezes quero irritar-me com algo, porém meu corpo insiste em ficar paralisado. Insiste nessa inércia. E meus olhos ficam grudados na mesma figura, como se um segundo fosse um século. Ás vezes vejo coisas, vejo sobre os óculos férteis, monstros e demônios temíveis aos mesmos olhos. E logo procuro a porta certa, por querer escapar e não ser pega por eles. Aqueles que me isolam em um quarto escuro. Que me fazem sentir que o meu quarto já não é mais meu, ou que simplesmente podem controlar os meus sentimentos. E que sabemos, se alimentam do meu medo.

Ás vezes me esqueço de pedir, uma xícara de chá para poder me acalmar. E acaba que tudo volta. E lá estou num labirinto sem porta. Quando acordo, com olhos arregalados e coração apertado. Espero os minutos passarem e tomo as rédeas da minha imaginação. Tomo frente em minhas decisões e desejos. Para não deixá-los prevalecer sobre o que acredito de fato. Momentos são passageiros, mas com certeza ficam marcados. E não serão frustrações ou sentimentos que me deixaram vulnerável.

Wendyel M. Borin.